O sol já apareceu sessenta e seis vezes depois daquela noite. A cada vez, uma força, uma cor...
No primeiro dia nem me afetou! Para me proteger muni-me de razão e da certeza de que mais alguém me amava...
Nos dias posteriores, senti a angústia e a raiva que, incendiados pela constatação de que um amor não substitui outro, me queimaram por dentro.
Juntos ao sol vieram os “prazeres do verão” e me fizeram pensar antes só do que ser infeliz, ou ainda, diante da covardia, melhor uma atitude ruim que nenhuma atitude.
Mas, logo vieram as nuvens escuras e, como em tempo de chuva, me inundaram de tristeza e lamentações...
Lamentei pelo que aquela luz que se foi despertou em mim. A vontade de viver, de ver, a inspiração, aquele arrepio...
Tudo se foi!!!
Novamente, o sol se pôs e veio uma nova luz, uma nova cor, uma nova força...
A terra girou!
E vivendo idas e vindas, dei-me conta de que assim como a gravidade nos prende ao chão, algo me puxa para o passado.
Luto em vão! Levo-me a um encontro que nunca ocorre e que através da ausência me penaliza com a indiferença.
E a Terra... Continua a girar!
Quero me libertar, seguir...
Alguém morre!
Não dá para acreditar! Olha o que eu tento fazer...
É a esperança que agoniza... Corre risco de morte!
Não sei o que fazer!!!!
Quantas vezes a Terra terá que girar para que venha aquela luz?! Aquela que me enche de sorrisos, de paz, de VIDA?!
Resta-me desistir, matar a esperança e esquecer aquela luz ou seguir esperançosa com a indiferença cravada no peito?