quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Eu, o Outro e o Sonho

Eu acordei e corri. Precisava deixar registrado... Eu ME vi de novo! E dessa vez eu consigo lembrar. Apressei-me para não me escapar novamente.

Derrubaram os muros envoltos ao meu EU, não cri, DUVIDEI - Não! Não pode ser. Por quê?! - Pensei, inicialmente, em outrem. Meu Deus, e se algo acontecer a... Temi perder alguém. Os obstáculos foram transpostos e EU poderia ficar sozinha comigo, alguém que nem BEM conheço.

Senti medo. De repente fiquei exposta, vulnerável... Mas, sempre conseguimos maneiras de nos “fechar”, de nos proteger... Fechei as portas!!!! E me tranquei, novamente, em mim. Mas, dessa vez pude me enxergar e tentar me explicar a mim mesma.

Às vezes não gosto de mim, sabe?! Clarice Lispector fala que escrever é se conhecer, falar de si, se olhar, diz que até mesmo quando damos conselhos falamos de/para nós... Ela se enoja de ler a si mesma e eu me canso de mim.  De tanto escrever, me olhar, aconselhar, falar comigo SUFOCO a mim mesma. Os outros parecem ser tão MAIS divertidos!!!!!

Difícil dizer quando tudo isso começou. Alguém me disse, e dessa vez não fui eu, que deveria desconfiar. Até, então, olhava e nada via. Mas... Aquela informação, aquelas palavras me fizeram olhar para o outro e, novamente, enxergar a mim mesma.

Sim. Aquele homem!!!! Eu o via como um “coitado”, alguém que, por ser vítima de uma má educação, se mantinha estático, sem expectativa de vida... Não estudava, não trabalhava, NADA fazia. Mas, essas certezas se foram como que levadas por um tsunami provocado pelo comentário alheio.

De repente, passei a enxergá-lo com o olhar do outro junto ao meu e isso fez uma diferença! Agora era estranho, me vigiava... Um barulhinho meu, um sinal e ele aparecia com aqueles olhos vermelhos indecifráveis. Sentia medo e não sabia. Olhava para o outro e não para mim.

Mas, naquela noite... Olhei e, de imediato, só consegui enxergá-lo. Sim! Mais estranho do que nunca. Isolado, com as mãos entre as pernas, me olhou. Senti arrepios que só se mostraram para mim horas depois... Quando me enxerguei.

Deitei-me e dormi. De repente, o muro foi abaixo! Meu Deus, o que ocorrerá com as pessoas a quem amo? E, eu!? O que ocorrerá comigo?

Foi quando veio o arrepio tardio.

Vejo-me! Sem muros fiquei vulnerável, exposta... Libertaram quem estava preso a mim e a quem eu julgava proteger. Espere! Tenho MEDO da liberdade dos outros ou da minha própria? E aquele homem estranho e, de uma hora para outra, assustador?

Encaro a realidade. Alguém derrubou os muros, mas eu mantenho as portas fechadas para a liberdade e, me fechando, na tentativa de me conhecer prendo o outro e a mim mesma a este desconhecido chamado EU.

Ao dormir me vi.  Num sonho enxerguei o que escondia de mim... Se me conheço, se falo sobre mim... Posso conhecer o outro, entender o outro. Será?

Nada fica claro!

Assim são os meus sonhos. Assim sou EU para MIM: algo/alguém obscuro e incompreensível.

Mostro-me, me vejo através do outro e, para a minha surpresa, não sou EU.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O poder: pauta de uma conversa comigo mesma

Domingo à tarde. Filminho à vista! O fantasma das minhas ex-namoradas. Tudo a ver com o meu momento. Os términos, os ex, o legado das relações que não deram certo... É quando vem o ensinamento:

 “Em um relacionamento o poder é de quem se envolve menos”.

Poder!? É isso o que desejamos quando nos relacionamos amorosamente?

A consciência de que precisaria me sentir superior ao outro para me relacionar me faz sentir covarde. Significaria dizer que não estou bem comigo, que preciso fazer alguém estar a minha mercê e, quem sabe, sofrer para me sentir importante...

Não, não dá! Não combina comigo...

 É quando penso em outra fala do filme (pensei, apenas por um momento, que a partir de agora, poderia seguir esse raciocínio):

 “Decidi não me envolver mais com uma pessoa a quem eu precise mudar, fazê-la diferente!”.

Mas, penso: essa ideia também é ilusória, nos coloca numa posição privilegiada, de alguém superior, que “salva”, melhora o outro.

Sendo assim, também é alimentada pela necessidade de sentir o poder... O poder de modificar alguém, ajudar a alguém pelo que este sente por ti.

Bizarro!!!!!

Nas duas falas sentimos a centralidade do EU.

Afff, passada em Cristo!!!  Começo a fazer descobertas...

Mais reflexões e/ou conclusões?!

O AMOR deve se centrar no outro. Se você conquista para que o outro se envolva e você sinta o PODER... Se você ama/cuida para mudar o outro e se sentir IMPORTANTE...  Não! Você nunca viverá aquele amor e/ou desfrutará daquela felicidade. E sabe por quê?!

Porque, dessa maneira, você consegue olhar somente para si, para a sua necessidade de estar em destaque, de se sentir superior, de se sobrepor...

 Aquele que apresenta essa postura pode pensar EU ME AMO. E isso justifica o cuidado, a importância que garante para si?

Não! Acredito que não.

Significa que quem age assim tem problemas e, portanto, questões a resolver.

 Admito.

EU TENHO QUESTÕES A RESOLVER.

Claro que sempre podemos fechar os olhos e seguir iludindo aos outros e a nós mesmos...

Já pensou em morrer para si!? Ouvi alguém dizer que se deseja cultivar grãos no outro, fazer brotar amor, precisa morrer para si...

Sim! Abrir mão da vaidade – de ser imprescindível para o outro - e ignorar o medo de sofrer com o envolvimento...

Quando penso nos MEUS problemas, naqueles aos quais consigo enxergar, lembro dos meus amigos e amigas e da relação que estabeleço com todos.

Eu sempre estou disposta a receber aquilo que os amigos podem/querem me oferecer e é muito bom... Eu confio neles! Se eles me dizem não, eu ENTENDO. Se eles não me ouvem, se “furam”, eu RELEVO. Eu não questiono o sentimento deles por mim. Eu não me sobreponho, não preciso ser imprescindível, eu não exijo, eu ACATO, eu AMO.

Assim concluo EU NÃO QUERO O PODER, EU QUERO SIMPLESMENTE FAZER AMIGOS.






terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Fundo do Poço

À Edilza (amiga que ri da desgraça alheia)

Você acaba o namoro. Dá tchau! Fica com o ex (outro). O ex (mais recente) lhe manda inúmeras mensagens nas setenta e duas horas posteriores. Você pensa “tá tudo sob controle, ele me sacaneou e eu fiz o que deveria”. Até que o luto latente se faz concreto e você liga:

- Qual é a tua?!

Ele não entende/se faz de doido (especialidade masculina) e você é mais clara.

Ele justifica, mas não pede desculpas (falta de sensibilidade!!!!) e você “rasga” a verdade:

- Fiquei com o ex, mas não me sinto culpada. Apenas uma atitude semelhante a sua.

Ok. Tá tudo certo. Permanecemos separados?!

Não é bem assim... Ele diz:

- Amanhã é um novo dia.

Mas, não liga, não dá notícias e você prestes a cair na armadilha... Fica na SUA e ele aparece com um discurso deprimido e generalista (nada a ver com você ter ficado com outro cara e/ou estarem separados) e ainda conclui:

- Mais tarde, se tiver ânimo, ligo para você.

Hã?! Que tipo de cara diz uma coisa dessas? Um safado ou um coitado?

Você, encurralada, se pergunta “Meu Deus, o que há? Ele precisa de mim?”. Está presa a ilusão e, em perigo, está prestes a perder o equilíbrio.

Ora e diz “Senhor me permita ajudá-lo!”.

O Senhor lhe repreende através da palavra e fala “Quem você pensa que é?! Somente Deus dá a luz, somente Deus abençoa!” (interpretação de quem vive o drama)

Vai à igreja. O pregador diz que você pode estar buscando o tesouro errado, que precisa encontrar o Reino de Deus. E você conclui: “Ele é o meu tesouro – tudo errado – preciso me desprender”. Não ligo mais! Não vou tentar ajudá-lo.

Passa o tempo e, ainda na igreja, fala-se sobre a família. O pregador diz:

- Você que está pensando em desistir daquela pessoa irmão/ irmã... Não desista, lute por ela, não a abandone.

Pronto!!! É o fim. Você CAI NA ARMADILHA e liga.

Liga novamente. Mais uma vez. Ele não tá nem aí... Você tá presa!!!

Meu Deus! É o fim. O que será de mim?

É quando você pensa “Eu tenho a síndrome do fundo do poço” e continua a ligar.

Algo estranho acontece e ele, sem querer atende. Você ouve a conversa e descobre onde ele está.

Hora de ir ao fundo do poço.

Vai até lá. Interrompe a conversa de um casal (detalhe). Discute a relação e volta para casa com esperanças.

É inacreditável, mas você ainda acredita que ele precisa de ajuda.

Culpa-se. Foi ao fundo do poço e ainda não “se tocou”. Ainda não consegue encarar a realidade.

O que há com você?!

Será que já não está lá no fundo?! Precisa descer mais?

É quando “topa” e percebe que chegou até ali por esperança.

“E se ainda restasse água?! Não, não poderia desperdiçá-la.”

Para a sua tristeza e conformação descobre que a água acabou. Talvez nunca tenha existido...

Então, olha para cima e pensa:

“A superfície me espera!”